Luau Drey

Luau Drey
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ENSAIO DE UMA PAIXÃO INACABADA


Vermelho. Pode deixar, eu não tenho pressa. Eu posso passar o resto da madrugada deslizando meus dedos pela sua pele macia. Eu vou passar horas e mais horas encostando minha boca na tua para sentir o teu gosto. Eu não faço questão nenhuma de tirar suas mãos do meu corpo. Mas deixa, vai. Deixa eu colocar as minhas mãos nas tuas costas e gemer baixinho por conta desse abraço. Me deixa brincar de te beijar enquanto eu tiro tua roupa. Me deixa embolar, agarrar, me perder e te trazer pra mais perto. Me deixa sentir o teu cheiro, inalar a tua essência. Me deixa viver um pouco de você. A gente traça um acordo: eu deixo você ser você mesmo, do jeito que você quiser e você me deixa tomar conta de você à minha maneira. Deita do meu lado. Eu gosto das nossas conversas no meio da noite. Tua respiração ritmada e você chegando de mansinho, apesar dos meus falsos protestos. Pode me apertar. Eu não gosto que puxe meu cabelo, mas adoro quando você aperta meu quadril. Eu mereço isso por ter demorado tanto a te encontrar. Eu mereço toda e qualquer punição deste tipo por ter te deixado andar sozinho por aí.

Amarelo. Por que você me olha assim? Quase não acreditando que sou tua. Eu te entendo, no final das contas. Mas não vamos nos despedir agora. Entrelaça tuas pernas nas minhas, joga o teu peso por cima do meu corpo. Deixa eu te olhar mais de perto, contar todas as pintas do teu ombro e encontrar aquela cicatriz invisível que só eu sei achar. Para de me chamar de linda, vai. Assim você me arranca alguns sorrisos, enquanto eu tento fazer de conta que nem me importo contigo. Não funciona pra mim, eu sei. Vem cá, vem. Me deixa deslizar a mão pelas suas costas. Te ouvir soprando meu segundo nome mais de perto. Sentir você me despindo das desculpas que eu tanto te dei por estar numa outra história. As tuas mãos estão úmidas. Você está nervoso, posso sentir. Deixa eu te guiar. Deixa eu te levar por meio dos meus beijos. Deixa eu te mostrar como é meu corpo, embora eu tenha a nítida sensação que você já o conhecia. É você quem dita o ritmo dessa dança.

Verde. Só restamos nós dois aqui e um caminho inteiro pela frente. Me abraça e cola teu corpo no meu. Vem me mostrar essa mistura de paixão e medo que Eros tanto procurava. Deixa a chuva cair lá fora calmamente. Eu sinto o peso do teu coração. Me deixa repousar no teu peito ainda muitas vezes. Deixa eu pensar que o mundo lá fora nem existe quando estou contigo . E pensa isso comigo. Me deixa ser o encaixe perfeito do teu corpo, desenhar nós dois na sombra do lençol, te mostrar que vou aonde você quiser. Encosta tua boca no meu ouvido e me deixa sonhar que vou casar com você. Eu deixo você fumar do meu lado. Eu deixo você odiar meu time de futebol. Não se move, não me deixe aqui sozinha. Eu sou tua e você é tudo aquilo que quiser ser. Vamos continuar essa dança até o último suspiro. E no final das contas, vem. Pode vir.

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