Luau Drey

Luau Drey
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eu acredito num partido político.


Desde os 16 anos eu voto no mesmo partido. Durante algum tempo fiz alarde sobre. Era tão cheia de razão nas minhas convicções, que defendia "a causa" de forma ferrenha. Passei também pela fase da dúvida, da decepção, do orgulho e da falta de esperança. Você vai envelhecendo, ponderando e silencia. Ri dos ignorantes, lamenta pelos sábios. Sim, porque há sábios que não votam no mesmo partido que o seu.
Já fui taxada de baderneira e ouvi algumas vezes a palavra "agitadora". Já fui demitida! Já fui indagada e pela resposta não fui contratada. Senti vergonha, questionei o fato de brigar pelo que acredito, li, pesquisei seria mesmo o melhor caminho a seguir. Parei. Ou melhor, recuei. Ninguém gosta de gente assim! Os bois de presépio, os puxa sacos, os covardes e os ignorantes que conseguem a promoção, são convidados para as festas, ninguém olha torto ou comenta.
Tentei por horas a fio explicar que voto num partido, não numa pessoa. Política é algo coletivo. E? Inaceitável que no Brasil ou em qualquer país do mundo não se entenda o que significa política, na sua origem e semântica. Exatamente. Dê um Google e em algum momento lerá coletividade. Eu optei não apenas por viver isso, mas sim participar disso. O que me torna diferente? Sim, eu sou uma sonhadora e ainda acredito!



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FAST FOOD



Por que nós mulheres, após irmos para a cama com um homem, temos a sensação que ele liga menos para nós?
Talvez seja coincidência, neurose, insegurança, mas também não pode ser verdade? Não pode o dito cujo ter conseguido o que queria e perdido MESMO o interesse? Ou não quer criar laços afetivos, não quer dar falsas esperanças, não quer namorar e nem ficar ficando. Ele só queria te levar pra cama e pronto. Qual o problema? Todos.
A sensação de ter sido "usada" para algumas mulheres é de detonar qualquer auto estima. Ela fica remoendo dias a fio o que teria feito de errado. Chupou de menos, gritou demais, foi culpa daquela barriga que, de lado, teimava em pender. Se sente chata, se sente feia. Será que foi algo que disse?
Jamais saberá. Muito provavelmente porque o moçoilo em questão nunca irá dizer C-L-A-R-A-M-E-N-T-E que ela ficou chata sim e aquela barriga na hora em que estavam conversando, depois do sexo, realmente o fez lembrar da professora gorda e malvada da 3ª série. Óbvio que ele também, nem sob tortura, confessará que só queria comê-la e preferia que ela nem ligasse mais, para evitar possíveis mágoas.
Muitas mocinhas, na ânsia de namorar ou mesmo de manter aquele casinho tão gostosinho começam a viver uma espécie de aprendiz de Glenn Close em Atração Fatal. Ligam de hora em hora, comentam TODOS os posts do menino nas redes sociais, até sobre futebol. Fazem surpresinhas que só elas acham legal, como aparecer no happy hour da empresa... DELE! E, caso o perseguido tente ignorar, prepare-se para frases cheia de ideias malvadas subliminares e posts recheados de indiretas que ela jura que ele entenderá e modificará seu comportamento. Doce ilusão. É mais fácil ele bloqueá-la. E homens não são tão bons assim (como nós) em frases com duplo, triplo, quadruplo sentido.
Sim, querida, durante 3 semanas vai martelar na sua cabeça porque o fofo não quis casar com você e ter filhinhos. E você se lembra de ter escutado a palavra casamento em mais de um momento. Esses momentos foram antes do sexo, claro. E a tal palavra foi dita sobre o evento da prima ou o filme "O Casamento do meu melhor amigo". Cada um vive a ilusão que quiser... Parecia um conto de fadas, mas a bruxa má tomou as rédeas da situação.
Como ele mudou , não? O que aconteceu com aquele príncipe encantado que a procurava insistentemente, deixava recadinhos lindos no seu Facebook e mandava sms no meio da tarde? Ele ficou na cama, flor!
Você também mudou! A garota interessante, divertida, que flertou com ele 15 dias virou uma perseguidora implacável, cheia de carências mal resolvidas e súplicas por uma continuidade. Tolinha.
O sexo foi uma delícia? Ótimo! Pelo menos você tem algo bom pra se lembrar, darling.
Esqueça-o, siga sua vida e comporte-se com alguma dignidade. O cara não é o último suco de laranja do seu café da manhã. É uma questão de tempo um outro rapaz se interessar por você e ser tudo diferente. Não fique se lamentando e procurando a sua falha. Não tenha medo de tentar de novo, de novo e de novo ou quantas vezes quiser. Eles não são todos iguais, acredite!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

APENAS UM CONTO


Ele era baixo para seus padrões adolescentes de homem ideal. Mas aquilo pareceu não ter a menor importância já dentro do carro. O carro foi um episódio a parte. Tão surpreendente que a fez sentir-se especial. Sabia o quanto aquele veículo era importante e sentiu-se quase na mesma equivalência por estar dentro dele. Conforme ele contava de suas viagens e preferências ia ficando enorme perto dela. No fim da noite ele era o homem mais alto do mundo. E lindo. Tentava não olhar os olhos azuis, mas não conseguia. Desgraçadamente, lembrou da aula de genética que afirmava não ser muito comum olhos azuis em nosso país. E amava olhos claros. Tinha a sensação que de tão transparentes era possível enxergar o espírito.
Ela não conseguia comer, sentir o gosto da cachaça que compunha a caipirinha. Via os ponteiros do relógio dele e rezava em silêncio para que o tempo não passasse. Mas passava. Implacável, como sempre.
No apartamento sentiu uma vontade enorme de perguntar se podia dormir ali aquela noite. Percebeu a cama desarrumada... Algo desconcertante para ela. Herança de sua avó que afirmava que, se saíssemos de casa sem arrumar a cama, a alma não levantava. O quarto dela podia ser a maior babilônia já vista, com roupas espalhadas por todos os móveis, mas raramente saía e deixava a cama por fazer, mesmo que se atrasasse.
Teve vontade de beijá-lo inúmeras vezes, mas não o fez. Não por timidez ou receio, mas por medo. Medo de não encontrá-lo mais. Medo da magia terminar no encontrar de lábios. Medo de gostar muito. O mais incrível foi que o beijo não dado nem foi tão importante assim. Não se lamentou nem se arrependeu. Tinham tanto o que dizer um ao outro que um beijo naquele cenário talvez fosse perda de tempo. Talvez...
Como era de se esperar, sonhou com ele a noite inteira. Uma mistura do que tinha realmente acontecido com o que estava para acontecer e o que talvez jamais acontecesse. Ela tentando encaixar suas roupas no armário dele. No sonho, não havia lugar para os muitos pares de sapatos dela, e por isso começava a entrar em pânico por estar tirando a vida dele do eixo.
Ao acordar pela manhã deduziu que aquele sonho foi o choque inicial do apartamento de um homem solteiro ser tão minimamente o reflexo dele e surpreendentemente organizado. Os quadros na parede. Chegou a sentir vergonha. Se morasse sozinha há um ano, os quadros jamais estariam na parede. E, subitamente, lembrou-se que nem quadros tinha. Mas o mural de fotos, com certeza, estaria no chão.
Na ida para o trabalho repassava os segundos da noite anterior. Aguardava sua carona sentada na sala de sua casa, no mais completo silêncio. O livro emprestado, que mais parecia uma bíblia, estava dentro da bolsa. Abriu. Não leu a contra capa. Com essa publicação sairia dos seus padrões de leitura. Iniciaria sem saber do que se tratava ou quem era o autor. A primeira palavra do livro era CULPA. Culpa... Parou ali. Ele lhe emprestara outros dois livros, podia não ler aquele. Mas, pensando melhor, por que não?
Sua culpa naquele momento era simplesmente não sentir culpa.

FIM