Luau Drey

Luau Drey
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O MEU TIPO



Sempre gostei de homens seguros, decididos e confiantes. O cara que eu mais amei na vida -e era um grande idiota- era extremamente seguro. Sei que é um comentário engraçado, mas eu nunca o vi tropeçar. Quando eu falo tropeçar é no sentido literal da palavra: dar uma topada na guia, quase cair, escorregar, etc. Namoramos por quase 5 anos, éramos vizinhos e eu nunca o vi tropeçar. Isso me deslumbrava e me deixava ainda mais apaixonada, tamanha sua segurança.
Existe coisa mais excitante que homem confiante? Que fala firme, que anda confiante, que olha nos olhos? E que fala com calma e clareza de um professor, sem hesitação ou dúvida. Homem que tem o controle da situação o tempo todo, e que sabe do que está falando. Não tem coisa que me deixa mais empolgada que homem que entende de determinado assunto e me explica de forma fácil e divertida, sem parecer um chatão, prepotente que manja de tudo, sem me subestimar. Adoro homens que chegam num restaurante ou bar e fazem o pedido sem ficar fazendo mil perguntas ao garçom, como se frequentassem aquele lugar todo dia. Se ainda oferecer pra pedir pra mim, eu mesma peço – em casamento! Tenho um pouco de vergonha de admitir, mas eu adoro homem confiante e poderoso. Nem precisa ser mesmo poderoso, é só saber comportar-se como um. E fingir bem, claro. Tem que me pegar de jeito, mas não pode me fazer diminuída: quero me sentir igualmente poderosa. Tem que me tratar absurdamente bem, mas tem que ser firme; odeio babação. Tem que me olhar no olho e falar a coisa certa na hora certa. Tem que ser decidido. Homem que não sabe o que quer pode ser ótimo às vezes, mas eu nunca vou pensar nele com saudades antes de dormir. E tem que ter um ar de mistério pra deixar a coisa ainda mais excitante. A cereja do bolo é ser um cavalheiro; o que não tem nada a ver com abrir a porta do carro - não que isso seja ruim - ou pagar a conta sempre, mas sim saber a hora de elogiar e como se comportar. Eu gosto de homem que faz com que eu me sinta única e especial. Eu adoro ser especial!
Acima de tudo, tem que ser homem pra meia dúzia de encontros. Porque eu sei que ninguém é assim de verdade e que representar personagens por muito tempo é impossível. Mas são meia dúzia de encontros que eu vou lembrar com frio na barriga pro resto da vida.

EXTREMAMENTE POLITICAMENTE CORRETO


Viajei para o RJ e na ponte aérea havia um grupo de seis garotas onde duas delas eram um casal. As duas estavam de mãos dadas e volta e meia trocavam carícias, beijos, mas tudo dentro do aceitável (para mim, obviamente, pois percebi que algumas pessoas se sentiam incomodadas). No decorrer da viagem uma amiga das garotas namoradas começou a querer que o voo inteiro percebesse que ali estava um casal homossexual e o quanto ela era moderna e antenada em ser amiga das duas. Então, a referida mocinha começou a falar bem alto (eu estava de fones de ouvido e a escutava, mesmo estando oito fileiras a frente) sobre as duas, como elas haviam se conhecido, que ela não desconfiava que uma delas era gay e que na câmera fotográfica de uma delas tinha foto das duas nuas e transando. As meninas até ficaram constrangidas pela indiscrição da amiga e ficaram bem quietinhas, pararam com os carinhos mútuos até que uma comissária chamou a atenção da faladeira. A tal até tentou virar o jogo, acusando a comissária de homofobia, que ela só estava sendo chamada a atenção por estar falando das amigas gays, mas a funcionária da companhia, macaca velha e muito bem treinada deu uma invertida na moça, que graças a Deus se calou. Um início de tumulto quase se formou: a mãe de uma menininha de 8 anos se mostrou indignada com os comentários perto da filha dela e acabou sobrando para as namoradas que foram acusadas de sem vergonha por estarem se agarrando na frente de todos. A comissária era uma moça muito sensata e controlou o incêndio de forma exemplar.
Penso no exagero que envolve a homossexualidade hoje. Eu poderia me sentir constrangida sim, como essa mãe, pela troca de carícias das duas, como me sentiria se fosse um casal hétero. Tudo bem que a única pessoa fora da casinha nesse quadro era a amiga querendo provar sei lá o que pra quem, mas as garotas aos beijos e carícias realmente não deveria ser tão bacana para quem estava por perto. Acho que é meu direito não assistir duas línguas se encontrando e suspiros excitados de quem quer que seja. Por que não tenho a liberdade de dizer isso sem parecer homofóbica?
Sou contra homofobia, tenho um monte de amigos gays, um gay lindíssimo é responsável por 30% da minha renda familiar, gays conviveram e convivem com a minha família, mas eu quero sim ter a liberdade de dizer que não gostaria que meu filho fosse gay. E eu quero que venha um hipócrita me falar que isso é um absurdo. Hipocrisia sim! Me apresenta aí um pai ou uma mãe que ao fazer os planos pro futuro de seu rebento, diz: eu adoraria que meu filho fosse gay!
Eu não gostaria que meu filho fosse gay, não é porque ele não vai ter filhos por meios naturais, ou porque ele vai ficar se agarrando com outro homem, ou vai pedir meu Jimmy Choo emprestado... Eu não gostaria porque acho que ele vai sofrer! O amo e amaria da mesma forma (infinita) se ele fosse especial, se não tivesse um membro, se fosse um gênio, se fosse autista, se fosse homicida e se fosse gay. Ser gay, para mim não é diferenciação, e sim uma orientação, apenas... Ele continuaria sendo meu filho e eu o amo por isso, mas sei, que ao se assumir gay encontrará em seu caminho muitas pedras, muita ignorância, muita intolerância e muito preconceito. Sei que no começo vai se sentir diferente, vai achar que tem algum problema, vai sentir medo... Sim, eu não posso poupá-lo disso, mas tenho o direito de não querer que ele passe por isso. Acredito sim que se ele tiver uma cabeça muito boa, se a minha educação for exemplar e cheia de amor (como eu acredito que é) ele passará por isso sem maiores preocupações. Mas quantos homossexuais passaram pelas descoberta de ser quem são sem traumas e dores? Que eu saiba, poucos. Meus amigos relatam tentativas de suicídio, relacionamentos héteros infelizes e outros absurdos que todos nós temos amplo conhecimento, mas fazemos de conta que não é nada.
Talvez por atitudes nojentas como a de Bolsonaro e outros ignorantes de plantão, todos-gays ou não- já estejam na defensiva. Daí basta alguém dizer qualquer coisa mal interpretada e pronto! É pego pra cristo! O bode expiatório da homofobia. Precisamos ir com calma. Pensar direito.
Já contei em redes sociais que uma vez fui chamada de "branquela" por Mano Brow. Eu deveria ter processado esse otário por isso? Se eu fosse negra e ele me chamasse de "neguinha", ele poderia ir preso, não é? Então! Por que a diferença? Na hora eu me senti ofendida e humilhada tanto quanto. Talvez porque eu fosse minoria naquele momento. Talvez porque não tinha ninguém pra me defender e muita gente riu da piada (????). E ainda pra melhorar o quadro, ele se negou a me dar a entrevista porque eu era... BRANCA! Direito dele? Talvez... O que pra mim é muito difícil entender é por que esse quadro seria totalmente outro se eu fosse negra e se Mano Brown branco?
Sou mulher, sou minoria. Ganho menos que os homens, demoro mais para ser reconhecida profissionalmente. Se eu fosse taxista, muita gente não entraria no meu táxi. Se eu fosse polícia feminina, muita gente duvidaria da minha capacidade. No entanto, se alguém me "xingar" de mulherzinha, não me sinto diminuída. Não entendo porque gay quando é chamado de bicha, ou viado fica ofendido. É um termo pejorativo? Não sei... O que é ser pejorativo, afinal? Mas negão ou alemão prum negro, é algo normal... Eu acho. A era do Extremamente Politicamente Correto está um saco! Estamos nos tornando robôs exagerados e com a triste ausência de bom senso.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

INTOLERÂNCIA


A maioria das guerras –incluem-se neste grupo os ataques de 11 de setembro- começou com a mão da intolerância. E parece que ela está novamente à espreita, esperando o momento certo de apertar o gatilho.

Alguém odeia nordestino e se acha no direito de falar isso abertamente, sem vergonha alguma. Como se fosse bonito ser feio. Como se fosse normal odiar, simplesmente porque eu não nasci no mesmo lugar que você. Porque minha pele é de outra cor. Porque eu não digo as mesmas palavras quando rezo. Porque eu não gosto da mesma música. Do mesmo sexo. Porque meu dinheiro não é o bastante. Porque meu Deus é diferente do seu.

Num momento em que a liberdade de expressão é difundida com tanta eloquência, ainda não aprendemos a diferenciar opinião, expressão, sugestão, soberba, ofensa e opressão. Há jovens agredindo e matando porque não aceitam que há homossexuais, negros, judeus, nordestinos e pobres. O diferente amedronta como serpente venenosa, que ataca sem razão.

Tanto avanço tecnológico não conseguiu ser viral quando se trata de tolerar e respeitar o outro. Infelizmente, ainda encontramos quem acredite ser possuidor de verdades absolutas. A aceitação de outras possibilidades já pintaria uma paisagem diferente nessa realidade tão cheia de pessoas inflexíveis.

Não existe uma causa, uma explicação para a maldade do preconceito, para a disseminação do ódio. Acredito sim nos remédios: amor e generosidade. Quando um maior número de pessoas se convencerem que a preferência sexual de um cidadão não determina o seu caráter, talvez tudo fique mais simples, mais humano, mais feliz! Aceite. Aceite que todas as pessoas são diferentes e por que deveriam ser iguais? Que chato seria um exército de semelhantes!

Está muito difícil ter esperança no futuro, neste presente de jovens agressores, com a alma manchada pela maldade gratuita, pela agressão injustificável. Pensamos em leis mais severas e questionamos a maioridade penal. Queremos um remédio rápido. Esquecemos-nos de educar para prevenir. Criar seres humanos HUMANOS! É inaceitável que alguém seja espancado ou hostilizado porque pensa diferente, porque tem outros desejos, porque tem outra fé.

Acreditar que existem pessoas mais privilegiadas que outras é duvidar do amor de Deus. É questionar o próprio Deus. Nada justifica a intolerância. Jamais.