
Luau Drey

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011
O MEU TIPO

EXTREMAMENTE POLITICAMENTE CORRETO

quarta-feira, 9 de novembro de 2011
INTOLERÂNCIA

A maioria das guerras –incluem-se neste grupo os ataques de 11 de setembro- começou com a mão da intolerância. E parece que ela está novamente à espreita, esperando o momento certo de apertar o gatilho.
Alguém odeia nordestino e se acha no direito de falar isso abertamente, sem vergonha alguma. Como se fosse bonito ser feio. Como se fosse normal odiar, simplesmente porque eu não nasci no mesmo lugar que você. Porque minha pele é de outra cor. Porque eu não digo as mesmas palavras quando rezo. Porque eu não gosto da mesma música. Do mesmo sexo. Porque meu dinheiro não é o bastante. Porque meu Deus é diferente do seu.
Num momento em que a liberdade de expressão é difundida com tanta eloquência, ainda não aprendemos a diferenciar opinião, expressão, sugestão, soberba, ofensa e opressão. Há jovens agredindo e matando porque não aceitam que há homossexuais, negros, judeus, nordestinos e pobres. O diferente amedronta como serpente venenosa, que ataca sem razão.
Tanto avanço tecnológico não conseguiu ser viral quando se trata de tolerar e respeitar o outro. Infelizmente, ainda encontramos quem acredite ser possuidor de verdades absolutas. A aceitação de outras possibilidades já pintaria uma paisagem diferente nessa realidade tão cheia de pessoas inflexíveis.
Não existe uma causa, uma explicação para a maldade do preconceito, para a disseminação do ódio. Acredito sim nos remédios: amor e generosidade. Quando um maior número de pessoas se convencerem que a preferência sexual de um cidadão não determina o seu caráter, talvez tudo fique mais simples, mais humano, mais feliz! Aceite. Aceite que todas as pessoas são diferentes e por que deveriam ser iguais? Que chato seria um exército de semelhantes!
Está muito difícil ter esperança no futuro, neste presente de jovens agressores, com a alma manchada pela maldade gratuita, pela agressão injustificável. Pensamos em leis mais severas e questionamos a maioridade penal. Queremos um remédio rápido. Esquecemos-nos de educar para prevenir. Criar seres humanos HUMANOS! É inaceitável que alguém seja espancado ou hostilizado porque pensa diferente, porque tem outros desejos, porque tem outra fé.
Acreditar que existem pessoas mais privilegiadas que outras é duvidar do amor de Deus. É questionar o próprio Deus. Nada justifica a intolerância. Jamais.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Eu acredito num partido político.

Já fui taxada de baderneira e ouvi algumas vezes a palavra "agitadora". Já fui demitida! Já fui indagada e pela resposta não fui contratada. Senti vergonha, questionei o fato de brigar pelo que acredito, li, pesquisei seria mesmo o melhor caminho a seguir. Parei. Ou melhor, recuei. Ninguém gosta de gente assim! Os bois de presépio, os puxa sacos, os covardes e os ignorantes que conseguem a promoção, são convidados para as festas, ninguém olha torto ou comenta.
Tentei por horas a fio explicar que voto num partido, não numa pessoa. Política é algo coletivo. E? Inaceitável que no Brasil ou em qualquer país do mundo não se entenda o que significa política, na sua origem e semântica. Exatamente. Dê um Google e em algum momento lerá coletividade. Eu optei não apenas por viver isso, mas sim participar disso. O que me torna diferente? Sim, eu sou uma sonhadora e ainda acredito!
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
FAST FOOD

sexta-feira, 2 de setembro de 2011
APENAS UM CONTO

Ela não conseguia comer, sentir o gosto da cachaça que compunha a caipirinha. Via os ponteiros do relógio dele e rezava em silêncio para que o tempo não passasse. Mas passava. Implacável, como sempre.
No apartamento sentiu uma vontade enorme de perguntar se podia dormir ali aquela noite. Percebeu a cama desarrumada... Algo desconcertante para ela. Herança de sua avó que afirmava que, se saíssemos de casa sem arrumar a cama, a alma não levantava. O quarto dela podia ser a maior babilônia já vista, com roupas espalhadas por todos os móveis, mas raramente saía e deixava a cama por fazer, mesmo que se atrasasse.
Teve vontade de beijá-lo inúmeras vezes, mas não o fez. Não por timidez ou receio, mas por medo. Medo de não encontrá-lo mais. Medo da magia terminar no encontrar de lábios. Medo de gostar muito. O mais incrível foi que o beijo não dado nem foi tão importante assim. Não se lamentou nem se arrependeu. Tinham tanto o que dizer um ao outro que um beijo naquele cenário talvez fosse perda de tempo. Talvez...
Como era de se esperar, sonhou com ele a noite inteira. Uma mistura do que tinha realmente acontecido com o que estava para acontecer e o que talvez jamais acontecesse. Ela tentando encaixar suas roupas no armário dele. No sonho, não havia lugar para os muitos pares de sapatos dela, e por isso começava a entrar em pânico por estar tirando a vida dele do eixo.
Ao acordar pela manhã deduziu que aquele sonho foi o choque inicial do apartamento de um homem solteiro ser tão minimamente o reflexo dele e surpreendentemente organizado. Os quadros na parede. Chegou a sentir vergonha. Se morasse sozinha há um ano, os quadros jamais estariam na parede. E, subitamente, lembrou-se que nem quadros tinha. Mas o mural de fotos, com certeza, estaria no chão.
Na ida para o trabalho repassava os segundos da noite anterior. Aguardava sua carona sentada na sala de sua casa, no mais completo silêncio. O livro emprestado, que mais parecia uma bíblia, estava dentro da bolsa. Abriu. Não leu a contra capa. Com essa publicação sairia dos seus padrões de leitura. Iniciaria sem saber do que se tratava ou quem era o autor. A primeira palavra do livro era CULPA. Culpa... Parou ali. Ele lhe emprestara outros dois livros, podia não ler aquele. Mas, pensando melhor, por que não?
Sua culpa naquele momento era simplesmente não sentir culpa.
FIM
domingo, 7 de agosto de 2011
CRIANDO MACHOS DEPENDENTES

Sou cercada de machos por todos os lados: dois irmãos, filho, marido, pai, cachorro, dois chefes e, estranhamente, me sinto feliz por todos eles precisarem de mim de alguma forma. Nasci para cuidar. Sou apaixonada pela dependência masculina. Provavelmente, herdei isso da minha mãe. Uma adicta em dependência materna de filhos homens.
Ok. Não me julgue... Todos nós temos as nossas esquisitices. Quando engravidei, torcia secretamente para ser um menino. Me disseram que os meninos são apaixonados por suas mães. Se você for mãe, sabe do que estou falando. Mas também reconheço que somos as grandes culpadas pela possível falta de caráter da sua cria macho... E nem me venha falar, mamãe, que a culpa é das más companhias! Não se faça de desentendida! "Onde eu errei?" é uma pergunta desnecessária depois que você se der conta (quando ele tiver 54 anos) que seu filho não se tornou um homem com muitas virtudes.
Aos homens, saiba que é muito, muito complicado desde o momento da certeza da gravidez até o dia que morrermos. Disse uma vez ao obstetra que fez o parto de "Luccolovers", depois de tirar o bebê gorducho da minha barriga, despejou em mim um balde de culpa. Eu não sei vocês, mas sinto culpa por tudo em relação ao Lucca. Que é este garoto na foto acima, lendo (não é pra transbordar de orgulho?) na sua piscina de inverno, montada no meio da sala, com almofadas. (Em outro post conto o problema que causei ao postar esta foto e ser filha de um pai com TOC, que afirma categoricamente que há algum sequestrador lendo este blog e vendo a foto do menino. Já considera falar com meu tio que trabalha no DEIC para uma ação preventiva imediata. Por segurança, é melhor trocar as fechaduras. A gente sempre acaba na discussão do estrago que pode ser uma chave perdida, mesmo quando a conversa é sobre... samambaias. Viu? É bem difícil ser normal tendo crescido numa família como a minha). Eles culpam pelo excesso. De amor.
Bem, voltando à culpa inerente a minha pessoa desde o momento que Lucca chegou ao mundo, eu sinto culpa por ele ser magro, por ele não comer pepino, por EU não gostar de água- eu!! \o - não o Lucca que até bebe com certa frequência, mas não uma frequência boa o bastante para me livrar do pesadelo de me sentir a responsável genética por ele não tomar 18 litros de água por dia. E por tudo que ele faz de errado. O que ele faz certo eu costumo atribuir a uma graça divina e afirmo que Deus foi bom em me dar um filho tão calmo, inteligente e que raramente adoece. #louca
Tudo começa a ser motivo de preocupação: o meio ambiente, a poluição, má educação no trânsito, a qualidade do ensino no Brasil, as "Marias" (Chuteiras, Tatames, Gasolinas, Parafinas, Holofotes) que podem dar o golpe da barriga no seu rebento, o preconceito, bullyng, escolha da profissão (eu já escolhi a do Lucca!!) e milhões de outras amebinhas viróticas malvadas que atacam a mente de uma mãe #superlouca
Há um misto de vergonha em ser "fora da casinha" e orgulho em ter tanto amor dentro de mim. O mundo passou a ter um outro significado depois que me tornei mãe. Sinto que tenho mais sensibilidade, compaixão, generosidade, porque quero que sua cria cresça num mundo perfeito e não no mundo real. Também passei a ter sentimentos mais nobres. A me indignar mais com as injustiças.
Ser mãe te obriga a se colocar no lugar do outro. Te obriga a ter medo das possibilidades da vida. Mas te dá tantos sentimentos bons e em tanta quantidade que podemos compartilhar infinitamente. Confesso que me sinto louca às vezes... Numa TPM eterna de ternura, amor, ciúmes e posse. Longe de ser a mãe perfeita, mas totalmente neurótica por não ser.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
O livro fala. A alma responde.

Há quase 1 ano abandonei meu blog... Fui tomada por um vácuo de boas ideias que me persegue desde a juventude. Por mais que eu tente, aquele momento criativo se nega a aparecer. Isso me angustia, me entristece, me faz pensar que, na verdade, eu não sei escrever bem. Nem mal. Simplesmente não sei mais escrever como escrevia na adolescência.
Comecei e ler cedo. Me recordo da estante de cerejeira na sala, com títulos diversos; de Machado de Assis a Harold Robins. Ainda morávamos em SP, era década de 70, mas a insegurança da metrópole já era uma preocupação e não me restavam muitas opções. Escrever veio logo depois, como se fosse uma consequência da prisão que a violência nos impõe. Aprendi ainda criança o poder das palavras. A transformação que um livro pode fazer na sua vida. Anne Frank era uma personagem recorrente da minha teoria sobre leitura e literatura.. Escondida por anos da perseguição nazista, escreveu um diário que se tornou um dos livros mais importantes do século XX. Eu o li com 12 anos e foi a primeira leitura que me emocionou por ser real e pela sensibilidade e poder que Anne teve de me transportar para o seu mundo triste e incerto. Quanto mais você lê mais quer ler e quanto mais você escreve, mais terá criatividade e facilidade para escrever.
Eu viajava nas estórias (sim, naquela época História era a de verdade o que realmente havia acontecido, por exemplo História do Brasil - eu sei que essa também não é de verdade, mas isso é assunto para outro post! Sonhava ser uma das mocinhas de Sheldon: fortes, impetuosas, lindas e ao mesmo tempo frágeis, como toda mocinha deve ser.
Daí veio o 2º grau e eu tive que ler os autores brasileiros e alguns portugueses. Nesse momento eu soube que eu gostava MESMO de ler. Qualquer coisa. Me pegava por longos minutos lendo a etiqueta da mostarda e sonhando com campos franceses, cheios de "flores de mostarda"(what??) e o quanto eu gostaria de conhecer Paris; e como eu poderia viver uma linda Estória de amor com um francês... Me apaixonei por Dom Casmurro, quis ser Capitu... Luiz de Camões insistia para eu gostar de poesia.
Foi nessa época que eu comecei a escrever poemas, cartas de amor, contos de terror, uma biografia maluca e fantasiosa de mim mesma e tudo que eu gostaria de falar, mas não tinha coragem. Então, escrevia. Foi aí que comecei a ser bem melhor escrevendo do que falando, pintando, andando, desenhando e respirando... Talvez tenha sido neste momento que eu desaprendi a me expressar de outra maneira.
Na faculdade começam a te direcionar. Você lê o que precisa ser lido. Algumas coisas você gosta, outras não. Outras você julga (mal), outras não. Algumas você analisa, outras... sempre! Na faculdade de Jornalismo, eu virei crítica. Todas as matérias, livros, artigos e textos eu me sentia apta o bastante para desenvolver minhas impressões e opinar como uma profunda estudiosa do assunto. Jornalistas são chatos. Estudantes de jornalismo são mais. Estão aprendendo a ser chatos.
Talvez tenha sido na faculdade que eu parei de escrever com o coração. Embora, eu lesse muito mais e escrevesse na mesma proporção, comecei a fazer isso com técnica. A magia se perdeu. Eu não escrevia mais com o meu eu e começou a se tornar muito mais penoso e difícil criar, levar um projeto adiante, agir por prazer, não por obrigação.
Com 18 anos escrevi um livro que nunca mostrei a ninguém. Um romance, uma ficção meio real do meu 1º amor. Ficou lindo, mas parecia muito com esses exemplares de banca de jornal. E a vida não é isso? Um exemplar romântico vendido em banca de jornal? A minha era.
O 1º amor nunca leu uma linha sequer. Acho que já estava cansado de tantas cartas românticas que eu entregava a ele, pessoalmente... E enquanto ele li minhas letras escritas com lágrimas, eu o olhava atentamente. Não para resolver a pendência emocional, mas sim para saber se as minhas palavras o tinham impactado da forma que eu queria. Na minha inocente juventude eu acreditava que o livro seria um best seller e ele se arrependeria de não ter lido antes que todo mundo. E com o sucesso de vendas do meu livro eu seria milionária, moraria em Mônaco e o 1º amor não teria crédito nenhum por isso. Ele ficaria aqui no Brasil e anos depois se arrependeria amargamente por não ter me amado.
Hoje, resolvi tentar de novo. Arrumar as ideias, deixá-las fluir, voarem pela minha consciência, ficarem palpáveis. Eu preciso recomeçar. Por que eu deveria abandonar meu sonho de ser uma grande escritora? Isabel Alende começou a escrever depois dos 40 anos... Nunca é tarde. Para sonhar, escrever, aprender e realizar. Eu ainda amo as palavras e tenho certeza que elas são eternas.