Luau Drey

Luau Drey
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EXTREMAMENTE POLITICAMENTE CORRETO


Viajei para o RJ e na ponte aérea havia um grupo de seis garotas onde duas delas eram um casal. As duas estavam de mãos dadas e volta e meia trocavam carícias, beijos, mas tudo dentro do aceitável (para mim, obviamente, pois percebi que algumas pessoas se sentiam incomodadas). No decorrer da viagem uma amiga das garotas namoradas começou a querer que o voo inteiro percebesse que ali estava um casal homossexual e o quanto ela era moderna e antenada em ser amiga das duas. Então, a referida mocinha começou a falar bem alto (eu estava de fones de ouvido e a escutava, mesmo estando oito fileiras a frente) sobre as duas, como elas haviam se conhecido, que ela não desconfiava que uma delas era gay e que na câmera fotográfica de uma delas tinha foto das duas nuas e transando. As meninas até ficaram constrangidas pela indiscrição da amiga e ficaram bem quietinhas, pararam com os carinhos mútuos até que uma comissária chamou a atenção da faladeira. A tal até tentou virar o jogo, acusando a comissária de homofobia, que ela só estava sendo chamada a atenção por estar falando das amigas gays, mas a funcionária da companhia, macaca velha e muito bem treinada deu uma invertida na moça, que graças a Deus se calou. Um início de tumulto quase se formou: a mãe de uma menininha de 8 anos se mostrou indignada com os comentários perto da filha dela e acabou sobrando para as namoradas que foram acusadas de sem vergonha por estarem se agarrando na frente de todos. A comissária era uma moça muito sensata e controlou o incêndio de forma exemplar.
Penso no exagero que envolve a homossexualidade hoje. Eu poderia me sentir constrangida sim, como essa mãe, pela troca de carícias das duas, como me sentiria se fosse um casal hétero. Tudo bem que a única pessoa fora da casinha nesse quadro era a amiga querendo provar sei lá o que pra quem, mas as garotas aos beijos e carícias realmente não deveria ser tão bacana para quem estava por perto. Acho que é meu direito não assistir duas línguas se encontrando e suspiros excitados de quem quer que seja. Por que não tenho a liberdade de dizer isso sem parecer homofóbica?
Sou contra homofobia, tenho um monte de amigos gays, um gay lindíssimo é responsável por 30% da minha renda familiar, gays conviveram e convivem com a minha família, mas eu quero sim ter a liberdade de dizer que não gostaria que meu filho fosse gay. E eu quero que venha um hipócrita me falar que isso é um absurdo. Hipocrisia sim! Me apresenta aí um pai ou uma mãe que ao fazer os planos pro futuro de seu rebento, diz: eu adoraria que meu filho fosse gay!
Eu não gostaria que meu filho fosse gay, não é porque ele não vai ter filhos por meios naturais, ou porque ele vai ficar se agarrando com outro homem, ou vai pedir meu Jimmy Choo emprestado... Eu não gostaria porque acho que ele vai sofrer! O amo e amaria da mesma forma (infinita) se ele fosse especial, se não tivesse um membro, se fosse um gênio, se fosse autista, se fosse homicida e se fosse gay. Ser gay, para mim não é diferenciação, e sim uma orientação, apenas... Ele continuaria sendo meu filho e eu o amo por isso, mas sei, que ao se assumir gay encontrará em seu caminho muitas pedras, muita ignorância, muita intolerância e muito preconceito. Sei que no começo vai se sentir diferente, vai achar que tem algum problema, vai sentir medo... Sim, eu não posso poupá-lo disso, mas tenho o direito de não querer que ele passe por isso. Acredito sim que se ele tiver uma cabeça muito boa, se a minha educação for exemplar e cheia de amor (como eu acredito que é) ele passará por isso sem maiores preocupações. Mas quantos homossexuais passaram pelas descoberta de ser quem são sem traumas e dores? Que eu saiba, poucos. Meus amigos relatam tentativas de suicídio, relacionamentos héteros infelizes e outros absurdos que todos nós temos amplo conhecimento, mas fazemos de conta que não é nada.
Talvez por atitudes nojentas como a de Bolsonaro e outros ignorantes de plantão, todos-gays ou não- já estejam na defensiva. Daí basta alguém dizer qualquer coisa mal interpretada e pronto! É pego pra cristo! O bode expiatório da homofobia. Precisamos ir com calma. Pensar direito.
Já contei em redes sociais que uma vez fui chamada de "branquela" por Mano Brow. Eu deveria ter processado esse otário por isso? Se eu fosse negra e ele me chamasse de "neguinha", ele poderia ir preso, não é? Então! Por que a diferença? Na hora eu me senti ofendida e humilhada tanto quanto. Talvez porque eu fosse minoria naquele momento. Talvez porque não tinha ninguém pra me defender e muita gente riu da piada (????). E ainda pra melhorar o quadro, ele se negou a me dar a entrevista porque eu era... BRANCA! Direito dele? Talvez... O que pra mim é muito difícil entender é por que esse quadro seria totalmente outro se eu fosse negra e se Mano Brown branco?
Sou mulher, sou minoria. Ganho menos que os homens, demoro mais para ser reconhecida profissionalmente. Se eu fosse taxista, muita gente não entraria no meu táxi. Se eu fosse polícia feminina, muita gente duvidaria da minha capacidade. No entanto, se alguém me "xingar" de mulherzinha, não me sinto diminuída. Não entendo porque gay quando é chamado de bicha, ou viado fica ofendido. É um termo pejorativo? Não sei... O que é ser pejorativo, afinal? Mas negão ou alemão prum negro, é algo normal... Eu acho. A era do Extremamente Politicamente Correto está um saco! Estamos nos tornando robôs exagerados e com a triste ausência de bom senso.

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